Os circuitos dos aparelhos eletroeletrônicos contêm, em média, 17 tipos de metais pesados e produtos tóxicos entre os componentes. Multiplicando-se pelos milhões de computadores, celulares e outros produtos da indústria de bens de consumo que hoje, somente no Brasil, superam em número o de brasileiros, reciclar é questão de sobrevivência.
O argumento deu tom ao início da campanha Natal da EletroReciclagem, nesta quarta-feira (15/12), na estação Carioca do Metrô, no Centro do Rio, aberta pela Secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, pelo presidente do Instituto Estadual do Ambiente, Luiz Firmino Martins Pereira e pelo presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Carlos Minc.
Até o próximo dia 25/12, período de duração da campanha, equipamentos eletroeletrônicos sem uso poderão ser descartados em contêineres cedidos pela empresa de embalagens Tetrapak, nas estações Carioca e Central do Metrô, entre 06h e 16h. Todo o material arrecadado será recolhido pela empresa Reciclo Ambiental, de São Paulo, onde será devidamente separado e encaminhado às processadoras que, por sua vez, vão beneficiar e, posteriormente, devolver às indústrias como matéria-prima e insumo.
O Brasil não dispõe de tecnologia para reciclar alguns dos componentes dos equipamentos eletrônicos, cerca de 4% do total, principalmente chips. Esses materiais serão então encaminhados para a Suécia, pela Intrapar, empresa nacional parceira de uma processadora no país europeu, onde também receberão destinação correta. O processo será todo auditado e no final da campanha será feita uma prestação de contas.
- No Natal muitos de nós vamos substituir celulares e computadores por modelos novos. Então vamos destinar os aparelhos e equipamentos inservíveis para a reciclagem. Vamos dar esse presente de Natal para o planeta - convocou Minc.
A Secretária destacou a importância do descarte responsável do lixo eletrônico, sobretudo, pelo perigo que representa ao meio ambiente e a saúde. Entre os componentes há metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio que se lançados de maneira inadequada podem contaminar o solo, a água e ainda causar doenças graves.
- Retirando do ambiente e encaminhando para reciclagem os ganhos são imensuráveis. Evita-se a contaminação e ao mesmo tempo deixa-se de extrair mais matéria-prima da natureza com a reutilização desses materiais. Além disso, é possível gerar emprego e renda em vários níveis da cadeia produtiva – citou Marilene Ramos.
De acordo com o deputado, a campanha tem por objetivo antecipar práticas, como a logística reversa da recém aprovada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Estado, e ainda fornecer subsídios à lei que está em fase de regulamentação. Nesse momento, conforme o deputado, estão sendo definidas as responsabilidades que cabem a cada setor da sociedade.
- Poder público, indústria, comércio e consumidores têm responsabilidade sobre a produção do lixo hi-tech. A logística reversa, que determina o recolhimento dos resíduos de consumo e de produtos em desuso, após devolução dos consumidores, ainda é uma questão pouco considerada no Brasil, mas será prática obrigatória a partir da regulamentação da lei – lembrou o deputado, destacando que no ano que vem a coleta de eletroeletrônicos inservíveis já deverá ser permanente.
Segundo a secretária, a antecipação de práticas da nova lei também contribui para elaboração do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PEGIRS/RJ, que está em fase de conclusão, e para o programa estadual de desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da reciclagem, o Recicla Rio. Essas políticas, segundo Marilene Ramos, visam a aumentar a coleta seletiva de resíduos no estado, que atualmente giram em torno de apenas 3% do total de todo o lixo produzido.
- A nova lei também estabelece a responsabilidade pós-consumo, pós-venda, e a compartilhada, além da logística reversa. Embora pareçam ser a mesma coisa, cada prática desta tem especificidades a serem consideradas. Produtos tóxicos, perigosos, recicláveis e reutilizáveis têm ciclos de uso diferenciados e necessitam de manipulação e destinações específicas – completou Marilene Ramos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que anualmente 96,8 mil toneladas de equipamentos eletroeletrônicos são descartadas no Brasil. O diretor da Reciclo Ambiental, Ronylson Rodrigues de Freitas, lembrou que o número de linhas ativadas de celulares no País já supera de 190 milhões, sem considerar os aparelhos em desuso. Em 2022, segundo o empresário, as estimativas são de que essa quantidade deve praticamente dobrar, podendo chegar a algo em torno de 300 milhões linhas, assim como o número de computadores ativos, que deve alcançar no mesmo período um total de 200 milhões.
- Isso sem considerar os inservíveis – reitera. Atualmente, a indústria de eletroeletrônicos é baseada no consumo e no ritmo de inovação elevados e na obsolescência programada, que predetermina o tempo de duração dos bens de consumo. A principal consequência disso é o aumento da geração de resíduos. Por isso é tão importante esclarecer que esse não é lixo normal e, portanto, deve receber tratamento específico – concluiu Freitas.
A iniciativa é uma parceria do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria de Estado do Ambiente, do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), do Metrô Rio, da Tetrapak e da Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis (Febracom).
POSTOS DE COLETA:
Estação Carioca - O estande fica próximo do acesso à Avenida Rio Branco, no mezanino.
Estação Central – O estande fica no acesso ao antigo prédio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
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