terça-feira, 3 de julho de 2012

Educação Ambiental na Rio+20



Bernard Viegas 

Vocês certamente já ouviram, ou leram, a respeito do significado da palavra sustentabilidade. Muitos, inclusive, acreditam que a mesma é apenas um termo modal. No entanto, sustentabilidade, assim como educação ambiental, vem sendo discutida, por diferentes profissionais, em várias partes do globo, a pelo menos 20 anos.  Uma pesquisa do Ministério do Meio Ambiente, realizada às vésperas da Rio+20,  apontou que 78% dos entrevistados desconhecia os princípios da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. O principal objetivo dessa pesquisa era informar o que o brasileiro pensa a respeito do meio ambiente e o consumo sustentável. A partir dos resultados alarmantes da pesquisa afirmaríamos que a esmagadora maioria da população brasileira não se importa com o ambiente em que vive. Certo? Errado.


Os que acompanharam as conferências da Rio+20, principalmente aqueles que conviveram dia a dia com a rotina de acompanhar tudo que acontecia durante a conferência, verificaram a mobilização de milhares de pessoas em favor da preservação do meio ambiente. A cidade do Rio de Janeiro estava lotada. Pessoas de todo o Brasil, e de várias regiões do planeta, estiveram presentes em vários eventos, em vários lugares da cidade.  Era mais do que comum encontrar, fosse em bares, restaurantes e principalmente nas ruas, pessoas de culturas diferentes. No entanto, a agitação da cidade não diminui o nosso olhar em perceber que não vieram a passeio - embora a cidade convide para tal.  Durante uma semana a cidade do Rio de Janeiro foi o “centro do mundo”. Exageros a parte, as atenções estiveram voltadas para a cidade.  Dessa forma, podemos considerar que os brasileiros, pelo menos os que vieram, pareciam mesmo que estavam dispostos a ajudar para que o planeta seja um lugar melhor para se viver.




Para o jornalista que se interessa pelos temas que envolvem a educação ambiental, a Rio+20 foi uma experiência enriquecedora. O jornalismo especializado em matérias sobre o meio ambiente tem sido muito difundido.  A necessidade de investigar e divulgar a importância da preservação do planeta tem permitido maior aproximação entre a comunicação e o ambiente. Ambos, com o mesmo objetivo. A função do jornalista ambiental vai além da noticia. É mais do que informar. Faz-se necessário conscientizar o público, e isso não é tarefa das mais fáceis. O jornalista que convive com o “mundo” da educação ambiental, e trabalha dentro de uma Secretaria do Ambiente, inevitavelmente acaba se envolvendo com as questões ambientais que o cerca e, por isso, acaba por sair um pouco mais da “zona do imparcial”. Acaba tornando-se mais um nessa luta!




Do dia 14 a 23 de junho trabalhei exclusivamente na cobertura dos eventos paralelos à Rio+20, na zona sul da cidade. Mais precisamente na Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental e no Museu da República, no bairro do Catete. Realizamos diversas atividades de educação ambiental, com o objetivo de conscientizar a população e mostrar que atitudes sustentáveis poderiam mudar o planeta. Milhares de pessoas passaram pelos jardins do Museu. Assim, tive a chance de perceber que a maioria da população se importa com as causas ambientais, e muitos outros precisam apenas de um “empurrãozinho”. Conversei com brasileiros de outros estados; com argentinos, ingleses, americanos, chilenos, entre outros. Colhi e repassei interessantes informações.  

  


Os desafios, em meio a tanta agitação, de uma cobertura institucional jornalística são muito grandes. Você tem que escrever para diferentes públicos, porém com a mesma idéia central; sem fugir do tema.  Nessa Rio+20, o foco não era apenas noticiar e sim conscientizar através do texto. O entrevistado também questionava o entrevistador. Aquele que trabalha em meio a especialistas na área ambiental também precisa conhecer os assuntos que os cerca. As pessoas que passaram pelo Museu da República e acompanharam as atividades de educação ambiental estavam ali para aprender, para questionar. E tenho certeza que saíram de lá com outra visão.

Você separa seu resíduo em casa? As práticas sustentáveis fazem parte da sua rotina? Você sabe o que é educação ambiental? Essas foram algumas das questões mais abordadas pelos educadores ambientais. Montamos uma exposição chamada “O Lixo de Cada Um”. Ela foi montada com sete toneladas de lixo, que representa tudo que uma pessoa gerou nos últimos 20 anos, desde a Eco 92. Um corredor de lixo com espelhos espalhados, onde as pessoas podiam se ver e perceber o que produziram sozinhas. O objetivo era mesmo impactar e também mostrar que o resíduo (não lixo) que produzimos pode ser reaproveitado. Digo resíduo, por que lixo é tudo aquilo que jogamos fora, não precisamos mais, porém o resíduo pode ser reaproveitado de diversas maneiras. Justamente essa idéia que foi apresentada nesses dias através de oficinas de reutilização de materiais recicláveis. Transformar objetos que poderiam ir para o lixo em peças de roupas, artesanatos, bolsas, carteiras eram as principais atrações das oficinas e o público compareceu em peso, participou, produziu e saiu de lá com mais idéias sustentáveis.


A Rio+20 acabou, mas as ações ambientais estão apenas começando. Tudo que foi realizado na cidade do Rio de Janeiro vai se espalhar mundo a fora. As práticas sustentáveis vistas no Museu da República e na Cúpula dos Povos estão cada vez mais no conhecimento do cidadão. 




 O resultado de todo trabalho foi muito positivo e se fizermos um balanço esses últimos dias foram os mais ricos possíveis, em relação à informação, conhecimento. O publico participou, acompanhou de perto, se mostrou interessado em aprender e até mesmo ensinar. Toda a equipe de Educação Ambiental do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e todos parceiros presentes no Museu da República saíram de lá com a mesma sensação. Dever cumprido. Foram dias de muito trabalho, que no fim acabaram recompensados. Não sei estimar o número de pessoas atingidas com o nosso trabalho, mas é certo que a semente ali plantada ainda vai se espalhar, e germinar nos quatro cantos do planeta.

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